segunda-feira, 30 de abril de 2012

Conceitos abstratos - Beleza

Beleza é tudo aquilo que transcende, que transborda a si mesmo porque em si só não mais se basta. É aquilo que se expõe e se compartilha aos olhos dos outros, que se exterioriza de modo que seja admirado. Não é de caráter físico ou mental mas é dom, próprio, que representa um ângulo ou perspectiva. 
Ou seja, beleza é aquilo que se transborda ou exterioriza e que aos olhos do outro (na perspectiva) torna-se digno de admiração. 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Paradoxo Evolutivo

A ideia de Evolução Darwiniana é uma das teorias mais disseminadas na nossa sociedade. Pensa-se que as coisas evoluem num crescente, de um "pior" para um "melhor", e aplica-se esta teoria para todas as coisas: animais, pessoas, ambientes, sociedades, filosofias, modelos econômicos... Enfim, um mundo todo pode ser explicado pela tal "Teoria Evolutiva". Mas, o que diríamos se a teoria evolutiva não fosse de fato "evolutiva"? É isso que iremos descobrir.


ALGUNS CONCEITOS DA TEORIA DA EVOLUÇÃO    

Darwin em seu livro "A Origem das Espécies" nunca trata do termo EVOLUÇÃO mas sim ADAPTAÇÃO. 
A variabilidade das espécies (como observamos no mundo contemporâneo) surge, portanto, a partir da adaptação de um ancestral comum às condições do seu meio, os que tivessem as melhores e mais vantajosas adaptações (características) tinham mais chance de sobreviver e gerar descendentes. Essa era a teoria de Darwin, nada além disso, não existe portanto "evolução" para Darwin.  

MAS ONDE SURGIU O TERMO EVOLUÇÃO? 

Quando Darwin lançou "A Origem das Espécies" o livro rapidamente se popularizou. Foram muitas as leituras e interpretações dessa obra na época, sendo que, a que mais ganhou adeptos foi a de uma ideia "evolutiva" onde as coisas progrediriam num crescente, alcançando seu auge num determinado ponto e lá se estabilizando. 
Como em "A Origem das Espécies" Darwin não trata da origem humana, a teoria foi amplamente aceita no período subsequente ao lançamento do livro, também por isso o termo evolução, uma das leituras para o processo descrito em "A Origem das Espécies", se popularizou.  


O QUE DARWIN PENSAVA DO TERMO EVOLUÇÃO? 

Darwin pensava que não era um termo adequado, ao acompanhar as discussões levantadas na época ele têm receio que o termo seja utilizado para fins obscuros como a dominação de alguns sobre outros. De fato, a previsão desse grande estudioso se confirmou, o surgimento do Darwinismo Social justificou modelos como o imperialismo econômico, o nazismo alemão(e todo o holocausto), entre outros.
Além das consequências facilmente visíveis temos aquelas que não são tão claras: os modelos sociológicos pós-teoria da evolução, em sua maioria, trazem marcas desse pensamento vigente;os modelos educacionais; os modelos históricos e até mesmo os modelos de análise biológica. 

MAS POR QUE USAMOS O TERMO EVOLUÇÃO PARA DESIGNAR A TEORIA DARWINIANA?

Como vimos anteriormente, o termo Evolução se popularizou e Darwin ganhou prestígio nos grandes ciclos (fora do campo científico) às custas desse pensamento. Em uma época onde era moda declarar todas as verdades filosóficas como científicas, a Teoria da Seleção Natural deu o terreno fértil para que a ideia de evolução fosse cultivada. O termo passou a virar sinônimo das teorias de Darwin e , visto a popularidade e consequente aumento das vendas, os editores não procuraram corrigir esse equívoco. O próprio Charles foi forçado a aceitá-lo. 

A QUE CONCLUSÃO DEVEMOS CHEGAR?

Informados de todos os fatos acima devemos perceber que não é correto pensar a Evolução (Teoria Darwiniana de Seleção Natural) como uma escada a ser transposta, com degraus a serem superados, mas sim como uma série de adaptações que se estendem para todos os lados e criam características diferenciadas a partir das exigências e necessidades que cada espécie encontra no seu meio.
Da mesma maneira devemos pensar as sociedades, os indígenas portanto não são menos evoluídos que os homens modernos (que vivem em sociedades capitalistas) , apenas não sentiram a necessidade de desenvolver modelos econômicos e tecnológicos mais complexos do os que já possuem.








sexta-feira, 16 de março de 2012

Sozinho mas não só

As vezes parece que estamos sozinhos
e que nada mais pode nos sustentar
as vezes parece que não nos aguentamos
e que as  dores vão nos fazer cessar

Não sei se estou certa, não sei se errada
mas as dores nos remetem à desilusão
e ouça bem, são as dores da alma
aquelas que massacram o nosso coração

De tudo que eu sinto e de tudo que eu faço
beleza não extraio, fortaleza não há
apenas injustiça, apenas incerteza
apenas o belo querer alcançar

Mimetismos, retóricas, nada me basta, me sinto sozinha mas não estou só...

****saudade que eu tava de escrever poesia!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Wislawa

Gosto de buscar escritores, procuro pessoas com jeitos diferentes de contar histórias, pessoas que me mostrem algo novo, pessoal, escritores com os quais eu me identifique.

De fato, uma das minhas buscas mais incansáveis se resumia a poetisas. 
Não que não existam poetisas... Existem várias, porém, das poetisas as quais já li alguns textos resumem suas obras - na sua imensa maioria- a poemas existenciais, em particular, poemas de amor (com excessões de um ou dois poemas esparsos em obras inteiras, o que as torna reconhecidas são os poemas amorosos). 
Isso tem uma explicação: as mulheres vivem mais intensamente a paixão e o amor, elas amamentam, carregam seus filhos no ventre, têm um coração e um instinto de amar mais intensamente... Por isso escrevem tão bem sobre tal "sentimento". 
Os homens, porém, parecem escrever sobre tudo! Peguemos como exemplo o mestre Fernando Pessoa: escreveu sobre amor, melancolia, tecnologia, existência, metafísica, enfim, sobre a vida. E Vinicius de Moraes? Além de seus famosos poemas de amor ele possui uma obra inteira dedicada à críticas sociais. 

Pois era essa a minha busca: uma Poetisa, que em sua obra predominantemente não falasse de amor. 
E a encontro no dia de sua morte: Wislawa Szymborska!  Uma polonesa, vencedora de um prêmio nobel de literatura, muito famosa em diversos países mas pouco conhecida aqui no Brasil. Um pouco da vida de Wislawa nesse link ( http://www.algumapoesia.com.br/poesia3/poesianet265.htm ).

 Trecho retirado do site acima:
Wislawa Szymborska



O TERRORISTA, ELE OBSERVA 
A bomba explodirá no bar às treze e vinte.
Agora são apenas treze e dezesseis.
Alguns terão ainda tempo para entrar;
alguns, para sair.
O terrorista já está do outro lado da rua.
A distância o protege de qualquer perigo.
E, bom, é como assistir a um filme.
Uma mulher de casaco amarelo, ela entra.
Um homem de óculos escuros, ele sai.
Jovens de jeans, eles conversam
Treze e dezessete e quatro segundos.
Aquele mais baixo, ele se salvou, sai de lambreta.
E aquele mais alto, ele entra.
Treze e dezessete e quarenta segundos.
A moça ali, ela tem uma fita verde no cabelo.
Mas o ônibus a encobre de repente.
Treze e dezoito.
A moça sumiu.
Era tola o bastante para entrar, ou não?
Saberemos quando retirarem os corpos. Treze e dezenove.
Ninguém mais parece entrar.
Um careca obeso, no entanto, está saindo.
Procura algo nos bolsos e
às treze e dezenove e cinqüenta segundos
ele volta para pegar suas malditas luvas. São treze e vinte.
O tempo, como se arrasta
É agora.
Ainda não.
Sim, agora.
A bomba, ela explode.
Tradução: Nelson Ascher
(Versão realizada a partir da versão inglesa de Adam Czerniawski e da
norte-americana de Magnus J. Krynski e Robert A. Maguire)



Trecho retirado do livro "Poemas", publicado pela primeira vez no Brasil recentemente pela Companhia das Letras


Recital da autora
musa, não ser um boxeador é literalmente não existir.
Nos recusaste a multidão ululante.
Uma dúzia de pessoas na sala,
já é hora de começar a fala.
metade veio porque está chovendo,
o resto é parente. Ó musa.
as mulheres adorariam desmaiar nesta noite outonal,
e vão, mas só ao assistir a uma luta colossal.
só lá as cenas dantescas.
e o ascenso aos céus. Ó musa.
Não ser boxeador, ser poeta,
estar condenado a duras florbelas,
por falta de musculatura mostrar ao mundo
a futura leitura escolar — na melhor das hipóteses —
Ó musa. Ó pégaso,
anjo equestre.
Na primeira fila um velhinho sonha docemente
que a finada esposa ressuscitou e
assa para ele um bolo com passas.
Com fogo, mas não alto, para o bolo não queimar,
começamos a leitura. Ó musa



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sobre razão e emoção

Não sufoque o seu coração para que não seja sufocada também sua alma
Não obedeça plenamente a opinião do seu coração pois ele não tem consciência do que faz
Não confie plenamente na razão pois ela não tem a capacidade de sentir
Pondere a razão e a emoção, coloque-as em uma balança e jamais deixe que uma se sobreponha à outra.

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sobre o politicamente correto

Vivemos no Brasil um momento de falta de bom senso e, acima de tudo, um momento de falta de bom humor. 
A "moda" reinante no comportamento das pessoas, no período entre 2008 e 2010, ditava um humor politicamente incorreto como padrão dominante, vamos dialogar sobre isso: 

Durante o período que abrange o ano de 2008 o programa Pânico na TV conquistou muitos adeptos. Seu público: uma multidão de cansados espectadores que finalmente puderam ver algo de novo reverberar no humor nacional após anos de dominação de programas como Casseta e Planeta, Zorra Total e Jô Soares ...  
O programa Pânico seguiu uma linha humorística bastante escrachada, no início até que em dosagens adequadas, eu diria, e com o sucesso (passou a exagerar no uso de determinadas piadas, muitas sem nenhuma graça, estereotipando pessoas por exemplo) acabou perdendo a linha.  
Como alternativa surgiu o programa CQC, humorístico que segue padrões jornalísticos e que buscava um humor mais refinado. Acertou por muito tempo, humor na medida, sem exageros e estereótipos.  Mesmo assim, as críticas vieram, o CQC mexeu com grandes nomes da política nacional  e conquistou antipatia frente a categoria , da mesma forma, o programa acabou usufruindo de fórmulas bem conhecidas para ganhar audiência (como a cobertura a eventos de novelas da Rede Globo e entrevistas com jogadores de futebol). 
 As constantes críticas, mesmo nos acertos do programa, fizeram alguns de seus integrantes pararem de se importar com a repercussão de suas declarações na mídia e perderem a linha com muitas piadas de duplo sentido e o abominável uso de estereotipias.  Eu, particularmente, não vejo nenhuma das declarações como gravíssima, mas sim como declarações infelizes que poderiam ser desfeitas com um pedido formal de desculpas. Acontece que foram muitas declarações infelizes, e muitos pedidos de desculpas, tantos que os integrantes do programa cansaram de pedir desculpas... não cansaram, porém, de fazer declarações infelizes para as quais os pedidos de retratação não vieram.  
Os integrantes do programa acabaram sendo vistos com antipatia por uma parcela muito grande da população, visto que, criticaram demais todas as faces do sistema: ricos e pobres, patrões e empregados, políticos e população, ativistas gays e homofóbicos, celebridades e seus seguidores... e a lista continua. 
O trabalho dos "caras" no geral acaba sendo muito bom, e muita gente parece se esquecer disto, o CQC se preocupa em expor as mazelas sociais, cobrar explicações dos políticos (papel que cabe a imprensa, permitam-me dizer e não apenas a população em geral como muitos teimam em clamar) e fiscalizar obras públicas. Acusar o CQC por seu humor por vezes infeliz e jamais elogiá-lo é pura ignorância e preconceito da nossa parte, queridos amigos, não abusemos do politicamente correto por que ele é necessário, mas tudo que é em exagero é prejudicial, perde a linha, como vimos que acontece até mesmo no humor. 

Para terminar este post, cito o post "Segundas Chances"(20/01/2012) do Blog "Um pouco de mim" da Elaine Gaspareto, que me motivou a escrever este texto, quem tiver oportunidade leia, exemplifica tudo que citei acima. 



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